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Acidente Vascular e a Acupuntura Craniana

Craneopuntura

O A.V.E. (Acidente Vascular Encefálico), também conhecido como A.V.C.  (Acidente Vascular Cerebral), e popularmente chamado de Derrame Cerebral, é resultante da falta de irrigação sanguínea ao cérebro, que pode provocar lesão celular e alterações nas funções neurológicas. As manifestações clínicas subjacentes a esta condição incluem alterações das funções motora, sensitiva e cognitiva, embora o quadro neurológico desta lesão possa variar de acordo o local e a extensão exata da lesão.

Estima-se que o AVE seja a segunda maior causa de morte no mundo e a principal causa de incapacidade neurológica, dependente de cuidados de reabilitação, na terceira idade. Segundo a OMS, as causas mais freqüentes de AVE são os enfartes cerebrais, a hipertensão arterial, a hemorragia cerebral, a malformação dos vasos sanguíneos, os tumores cerebrais, os traumatismos e outras situações diversas.

Os enfartes cerebrais resultam de dois processos patológicos, a trombose, que é o bloqueio de uma artéria do cérebro, causado por um coágulo sanguíneo sólido ou trombo que se forma dentro do sistema vascular; e a embolia, que é um bloqueio causado por um fragmento destacado do trombo que se formou em outro local e é elevado para o cérebro pela corrente sanguínea.

Se a interrupção do aporte sanguíneo demorar menos do que 3 minutos, a alteração é considerada reversível, no entanto, se ultrapassar os 3 minutos, a alteração pode ser irreversível, provocando necrose do tecido nervoso. O tecido nervoso depende totalmente do aporte de sangue para que as células nervosas se mantenham ativas, uma vez que não possui reservas. A interrupção da irrigação sanguínea e conseqüente falta de glicose e oxigênio necessários ao metabolismo, provocam uma diminuição ou parada da atividade funcional da área do cérebro afetada.

O AVE pode ser causado por dois mecanismos distintos, por uma oclusão ou por uma hemorragia.

Um AVE Isquêmico ocorre quando um vaso sanguíneo é obstruído, freqüentemente pela formação de uma placa aterosclerótica ou pela presença de um coágulo (trombo) que chega através da circulação de uma outra parte do corpo. A trombose cerebral refere-se à formação ou desenvolvimento de um coágulo de sangue ou trombo no interior das artérias cerebrais, ou de seus ramos. Os trombos podem ser deslocados, sendo carreados para outro local, sob a forma de um êmbolo. Os êmbolos cerebrais são pequenas porções de matéria como trombos, tecido, gordura, ar, deslocam até as artérias cerebrais, produzindo a oclusão e enfarte. O AVE pode ainda ocorrer por um ataque isquêmico transitório, cuja interrupção do suprimento de sangue ao cérebro é temporária.

Um AVE Hemorrágico (cerca de 10% dos casos) ocorre devido à ruptura de um (ou mais) vaso sanguíneo, ou quando a pressão no vaso faz com que ele se rompa devido à hipertensão. Então a falta do aporte de sangue no local causa enfarto na área suprida pelo vaso e as células morrem.

Quando a lesão é no Hemisfério Esquerdo (Hemiplegia Direita) ocorrem afasias, apraxias ideomotoras e ideacionais, alexia para números, descriminação direita-esquerda e lentidão em organização e desempenho. Quando é no Hemisfério Direito (Hemiplegia Esquerda) ocorre alteração na visão espacial, auto negligência unilateral esquerda, alteração da imagem corporal, apraxia de vestuário e de construção, ilusões de abreviamento de tempo e rápida organização e desempenho.

A sintomatologia depende da localização do processo isquêmico, do tamanho da área isquêmica, da natureza e funções da área atingida e da disponibilidade de fluxo colateral. (Sullivan, 1993).

As principais sequelas provenientes de um AVE são os déficits neurológicos que vão se refletir em todo o corpo, uni ou bilateralmente, como conseqüência da localização e da dimensão da lesão cerebral, podendo apresentar somo sinais e sintomas perda do controle voluntário em relação aos movimentos motores, sendo a disfunção mais comum a hemiplegia (devido a uma lesão do lado oposto do cérebro); a hemiparesia ou fraqueza de um lado do corpo é outro sinal. Desta forma, existirá um comprometimento aos níveis das funções neuromuscular, motora, sensorial, perceptiva e cognitiva/comportamental. (Resck, et.al.,2004; Petrilli, Durufle, Nicolas, Pinel, Kerdoncuff, Gallen, 2002).

A acupuntura tem como objetivo principal equilibrar a Energia Vital (Qi) do corpo e sua técnica consiste em aplicar agulhas finíssimas e apropriadas em pontos estratégicos que ficam sobre os “Meridianos”, que são os canais por onde passa a nossa energia. Tais estímulos são transmitidos pelas terminações nervosas até o sistema nervoso central que, por sua vez, irá desencadear uma resposta motora e sensorial para o corpo. A inserção de agulhas também  melhora a circulação sanguínea o que é fundamental para o processo de regeneração do tecido nervoso lesado durante o processo do AVE.

A escalpo acupuntura é uma técnica que consiste na aplicação de agulhas em determinadas áreas do couro cabeludo, relacionadas com áreas corticais específicas, com o objetivo de obter efeitos terapêuticos. Os mecanismos da escalpo acupuntura são poderosos no tratamento das sequelas do AVE, pois atuam no foco da lesão, ou seja, na cabeça (SNC). Este método de acupuntura tem maior eficácia nas sequelas motoras e sensoriais decorrentes dos acidentes vasculares encefálicos. Devem ser puncionadas as áreas correspondentes às sequelas e os resultados terapêuticos variam de acordo com o tamanho, local, a causa e, especialmente, o tempo da lesão.

Publicado originalmente aqui.

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