Balneário Camboriú
22/06/2018
Em um dia qualquer, na sua rotina ordinária, por exemplo no trânsito, indo de casa para o trabalho, você já se deu conta de chegar ao destino sem lembrar nada sobre o caminho até lá? Ou começar a comer um pacote de salgadinhos e perceber de repente que o que ficou na sua mão foi apenas um saco vazio?
Estes são alguns exemplos comuns, que vivemos sem perceber no dia a dia corrido da vida. É o que chamamos de ‘piloto automático’ ou falta de presença/atenção plena (mindlessness em inglês).
Pesquisas recentes apontam que o ser humano em média passa 47% da vida no piloto automático, com nossa mente absorvida por pensamentos diversos, vagando pelo passado, que é apenas uma memória, ou projetando o futuro, que não passa de uma possibilidade.
É quase um estado de sonho, pois ao entrarmos nele, não estamos completamente inteiros no ‘agora’. Nesse mundo hiperconectado, é cada vez mais fácil se perder no modo ‘piloto automático’ por grande parte do dia, todos os dias.
Ao seguirmos vivendo desta forma, não percebemos a riqueza da vida e do momento presente, não ouvimos o que nosso corpo quer nos dizer e com muita frequência, nos tornamos prisioneiros nas formas de pensar e agir mecanicamente, condicionadas pelo ambiente em vivemos e por nossa própria história pessoal, modelos, educação formatada, entre outras amarras. Isso constantemente é a fonte de sofrimento para nós mesmos e os outros.
No ‘piloto automático’ nossa tendência natural é se perder no ‘fazer’, então nos encontramos sempre inquietos e nos debatendo para ‘fazer coisas’ ao invés de realmente viver. Também nos tornamos vulneráveis à ansiedade, stress, depressão e reatividade. Os estudos mencionados anteriormente, também concluem que quanto mais nossas mentes divagam, o menos felizes somos.
Mindfulness há pelo menos 2.500 anos é ensinado de geração para geração. Hoje, em nova embalagem , totalmente fundamentado nas práticas de meditação budistas, porém, sem a conotação religiosa. O que, para quem conhece o budismo , é o verdadeiro budismo, já que o budismo em si, não é sobre budismo e sim sobre a natureza da realidade, da mente, do sofrimento e o potencial de libertação desse sofrimento.
Jon Kabat Zinn, criador do método que gerou o ‘buzz’ do mindfulness atual (embora a prática seja milenar) define desta forma: ‘Prestar atenção; Com propósito/intenção, no momento presente e, sem julgamento’
Vamos ver cada um destes três pontos em detalhes:
Estar em atenção plena, envolve o ato deliberado e consciente de direcionar nossa atenção.
Quando estamos no ‘piloto automático’, nossa atenção é envolvida por uma corrente sem fim (nem sempre positiva) de pensamentos diversos.
Atenção com propósito, significa sair dessa corrente, acordar e colocar atenção onde escolhermos. Não reagir a uma situação e sim escolher que ação deverá ser tomada. Propósito/Intenção, podem ser definidos como um estar ‘consciente’, inteiro no presente.
Sem nenhuma ação/intenção/propósito aplicado, nossa mente natural e habitualmente divaga para longe do momento presente, com pensamentos residentes na maioria das vezes, numa memória de passado ou numa idealização de futuro. Em outras palavras, vivemos muito raramente ‘inteiros’ no momento presente.
A atenção plena entretanto, está completamente engajada na experiência do aqui e agora. Relaxamos ao nos desapegarmos da tensão causada por querermos que as coisas sejam diferentes do que são, da ansiedade de constantemente querer mais e simplesmente aceitamos o momento presente como ele é.
Quando praticamos o mindfulness, não temos como objetivo controlar, suprimir ou interromper nossos pensamentos. A idéia é apenas prestar atenção em nossas experiências à medida que surgem, sem julga-las ou dar nomes a elas. Desta forma, nos tornamos observadores de nossas percepções e sentidos, pensamentos e emoções à medida que brotam em nossa mente, sem sermos atraídos e ‘capturados’ por eles, sendo levados em sua corrente, como num rio que passa.
Tornar-se o observador nos permite diminuir a relação quase mecânica entre nossos hábitos de pensar e viver.
Não é novidade nenhuma que as organizações e seus membros enfrentam o fato de que seu ambiente está mudando rapidamente e de que não há garantias de que as coisas continuem como são.
VUCA é o novo normal: V.U.C.A. (sigla utilizada para descrever a volatilidade (volatility), a incerteza (uncertainty), a complexidade (complexity) e a ambiguidade (ambiguity) nos ambientes e situações), coloca em cheque o velho jogo corporativo de comando e controle.
Lidar com a mudança e o imprevisto tornou-se comum para muitos funcionários e, principalmente, gestores. Equipes de alta performance, com altos níveis de inteligência emocional, buscando tornar as organizações mais ágeis e menos hierárquicas são algumas das medidas tomadas de alguns anos para cá.
A busca da causa e do propósito, aliada à prática da atenção plena, estar inteiro no momento presente, praticar a comunicação consciente, criando uma rede de indivíduos, seres humanos nos papéis de cliente, colaborador, parceiro, fornecedor, comunidades no entorno, tudo aquilo que possa conectar múltiplos interesses na construção de uma visão única, consciente, um propósito coletivo, (trazendo prazer e realização nos ambientes cada vez menos separados que são a vida do trabalho e a vida pessoal), tem sido o pano de fundo de muitas conversas corporativas.
A pesquisa dos cientistas organizacionais Karl E. Weick e Kathleen M. Sutcliffe fala sobre o gerenciamento de situações inesperadas e perigosas, tendo a atenção plena como princípio básico da organização organizacional. Os pesquisadores falam de “atenção mental organizacional”.
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