Balneário Camboriú
22/06/2018
Cada evento estressante que vivenciamos pode ter um impacto importante e duradouro em nossos cérebros, danificando a estrutura e alterando a função de regiões-chave, revela uma nova pesquisa publicada na revista Nature.
O estresse é problemático por várias razões. Ele não só é um sentimento altamente desagradável como, por outro lado, exerce inúmeros efeitos colaterais sobre o corpo e a mente. Todos precisamos aprender a lidar com o estresse, com o fim de manter nossos corpos funcionando em boas condições de saúde para um futuro saudável.
O estresse não é sempre negativo. Pode ser útil quando você precisar dele, ou seja, quando você está competindo em um evento esportivo ou diante de uma necessidade de se apresentar em público. O bom estresse fornece uma explosão de energia que é necessária em certas áreas do cérebro. O efeito do estresse, ao longo do tempo, reestrutura o seu cérebro nos dois sentidos.
Quando o eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal) é ativado. O hipotálamo é uma parte central do cérebro que liberta um composto que se desloca para a glândula pituitária. Isso libera o hormônio ACTH (adrenocorticotrófico) que depois é liberado na corrente sanguínea. Por sua vez esta ação libera o hormônio do estresse cortisol. Quando o cortisol é liberado, o corpo se põe em um estado de antecipação, pronto para agir. No entanto,quando o corpo lida com a libertação de cortisol em longo prazo, acontece um efeito contrário sobre o cérebro. O cérebro não lida bem com a associação da adrenalina por longo prazo. Por isso, a adrenalina começa a provocar efeitos negativos sobre o corpo.
O cortisol é responsável pela disponibilidade de nosso fornecimento de energia (carboidratos, gorduras e mais importante – açúcares). Estas fontes de energia são necessárias para responder a situações estressantes. Mas, após um prolongado estado de estresse, o organismo começa a não responder. E aí percebemos um declínio interno em nosso sistema imunológico que também desencadeia um conjunto de efeitos negativos no cérebro.
O estresse contínuo e o aumento dos níveis de cortisol significam que os sinais do cérebro, associados ao aprendizado, à memória e ao estresse controlado, baixam consideravelmente. Esta mesma área do cérebro que controla essas características (ohipocampo) também começa a restringir a atividade do eixo HPA e, quando esta se perde ou se torna fraca, reduzimos a capacidade de controlar os nossos níveis de estresse.
Cortisol também faz o seu cérebro menor! As conexões sinápticas desaparecem quando há demasiado cortisol e a parte frontal do cérebro que determina o julgamento, o comportamento social, e a tomada de decisão, também encolhe. A depressão é outro risco iminente. Isso acontece porque menos células cerebrais são desenvolvidas, e nós, humanos, ficamos presos em um ciclo negativo dentro do cérebro.
Nem tudo é má notícia! A forma de aliviar a tensão do estresse são, precisamente, os exercícios físicos e a meditação. A meditação profunda é extremamente útil quando nós, conscientemente, permanecemos no presente cônscios do nosso papel atual. Isso é um bom sinal. Caso contrário, a meditação é inútil pelo fato de que mantemos nossos cérebros concentrados no passado ou no futuro. Em outras palavras, em coisas que já aconteceram (e não podem ser alteradas) ou em coisas que ainda estão por acontecer (por isso ainda não precisa se preocupar).
Quando você se exercita e faz meditação, o certo é que você reverte os efeitos mencionados. Com isto seu cérebro cresce em tamanho e seus níveis de estresse diminuem. Então, quando você sente que não está no controle de seu estresse vá para uma caminhada, e, em seguida, faça exercícios de meditação. A prevenção é fundamental para baixar o seu nível de estresse. Essa é a melhor coisa que você pode fazer para o seu corpo e à sua mente.
“O estresse contínuo é dos maiores venenos para o nosso cérebro. A melhor forma de evitá-lo é cultivando hábitos saudáveis, como praticar exercícios físicos e cognitivos, manter uma dieta balanceada , respeitar os horários de trabalho e de sono, bem como os momentos de lazer” – explica o médico-psiquiatra Rogério Panizzutti
Texto de Rivers Esther – Tradução e adaptação livre de Portal Raízes
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