18/10/2018
A cesariana é um procedimento cirúrgico que, quando realizado por razões médicas, pode salvar a vida de uma mulher e de seu bebê. No entanto, muitas delas são realizadas desnecessariamente, o que pode colocar em risco a vida e o bem-estar das mães e de seus filhos tanto no curto como no longo prazo.
Em todo o mundo, as taxas de cesariana têm aumentado constantemente, sem benefícios significativos para a saúde das mulheres ou de seus bebês. Reconhecendo a necessidade urgente de abordar o aumento sustentado e sem precedentes dessas taxas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou na quinta-feira (11) uma nova orientação sobre intervenções não clínicas projetadas especificamente para reduzir as cesarianas desnecessárias.
A nova recomendação incorpora opiniões, medos e crenças de mulheres e profissionais de saúde sobre cesarianas. Também considera as complexas dinâmicas e limitações dos sistemas e organizações de saúde e as relações entre mulheres, profissionais de saúde e organização dos serviços de saúde.
Entre as principais orientações, estão intervenções educacionais para mulheres e famílias, com o objetivo de apoiar um diálogo significativo com provedores e tomada de decisão consciente sobre o tipo de parto (como oficinas de treinamento para mães e casais, programas de treinamento de relaxamento conduzidos por enfermeiros, programas psicossociais de prevenção para casais e/ou psicoeducação para mulheres com medo de dor ou ansiedade).
A OMS também recomenda o uso de diretrizes clínicas, auditorias de cesarianas e feedback oportuno aos profissionais de saúde sobre práticas de cesariana e requisito para segunda opinião para indicação de cesariana no ponto de atendimento em ambientes com recursos adequados.
Algumas intervenções destinadas a organizações de saúde são recomendadas apenas sob rigorosa pesquisa, como modelo colaborativo de parteira-obstétrica (ou seja, um modelo de pessoal baseado em atendimento fornecido principalmente por parteiras, com 24 horas de apoio de um obstetra, que fornece internamente cobertura de trabalho e parto sem outras tarefas clínicas concorrentes) ou estratégias financeiras (ou seja, reformas de seguro que igualem as taxas médicas para partos naturais e cesarianas).
Enquanto muitas mulheres que necessitam de cesarianas ainda não têm acesso a elas, particularmente em locais com poucos recursos, muitas outras passam pelo procedimento desnecessariamente, por razões que não podem ser justificadas clinicamente.
A cesárea está associada a riscos de curto e longo prazo, que podem se estender por muitos anos além do parto e afetar a saúde da mulher, da criança e de futuras gestações. Esses riscos são maiores entre mulheres com acesso limitado a cuidados obstétricos integrados.
As cesarianas também são dispendiosas e altas taxas dessas intervenções desnecessárias podem, portanto, utilizar recursos de outros serviços essenciais de saúde, particularmente em sistemas sobrecarregados e com falhas.
Existem muitas razões complexas para o aumento das taxas de cesárea, que variam muito entre e dentro dos países. Antes de implementar qualquer intervenção para reduzir as taxas, a OMS sugere que sejam feitas pesquisas que identifiquem e definam por que esses números estão aumentando no cenário específico, bem como os determinantes localmente relevantes da cesariana, as opiniões e normas culturais das mulheres e provedores de cuidados de saúde.
Além disso, as intervenções para reduzir as taxas que não abordam as complexas e multifacetadas razões para seu aumento provavelmente terão impacto limitado. Intervenções que têm múltiplos componentes são mais bem-sucedidas e, portanto, mais desejáveis.
Publicado originalmente aqui.
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