11/08/2016
‘Cadeira’ para leito mudou rotina de UTI do Instituto Emílio Ribas, em SP. Equipamento ajuda paciente a se sentar na beira do leito para exercícios.
O cotidiano da UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, mudou depois que o fisioterapeuta Luís Antônio Nunes implementou seu invento: um equipamento feito artesanalmente com tubos de PVC que ajuda os pacientes acamados a se sentar à beira da cama, medida essencial para evitar complicações decorrentes de passar longos períodos na mesma posição.
“Cadeira” desenvolvida por Nunes serve de apoio a pacientes que não conseguem se manter sentados. Sem o equipamento, os pacientes têm de ser retirados do leito e sentados em uma poltrona, o que envolve mais riscos. Ou então são necessários dois profissionais: um para sustentar o tronco do paciente e outro para ajudá-lo a fazer a rotina de fisioterapia.
“O paciente precisa de apoio lateral e nas costas. Ou o enfermeiro ficava só segurando ele por um tempo ou colocava cobertores e travesseiros nas costas para apoiá-lo, mas ele acabava escorregando”, conta Nunes.
O invento consiste em uma estrutura feita de PVC que lembra uma cadeira, mas sem a parte do assento. Ela é colocada sobre o leito de modo que o paciente ganha um apoio para permanecer sentado. Isso permite que um único profissional consiga sentar o paciente à beira do leito e ajudá-lo a fazer os exercícios recomendados para cada situação.
Primeiro, Nunes tentou fazer o aparato de madeira e espuma, mas a estrutura ficou muito pesada e o protótipo não deu certo. Ele teve a ideia de usar PVC ao assistir a vídeos na internet que ensinavam a fazer objetos com esse tipo de material.
“Foi por tentativa e erro. Medi o que seria o comprimento para acomodar braço do paciente adulto, o comprimento do tronco, como daria a estabilidade para trás e para os lados e fui aprimorando”, diz. O material para construir o aparato custa cerca de R$ 70.
‘Fez a diferença’
A fisioterapeuta Graziela Ultramari de Lima Domingues, chefe da sessão de reabilitação do Emilio Ribas, observa que a cadeira foi uma solução barata e criativa para lidar com uma limitação do serviço.
“Existem cadeiras desse tipo para comprar que são mais sofisticadas, mecanizadas, mas sabemos que no setor público não temos essa disponibilidade”, diz a profissional. “Este é um dispositivo barato, fácil de montar e foi aprovado pela comissão de controle interno de infecção hospitalar, pois pode passar por um processo de desinfecção entre um paciente e outro.”
Graziela explica que só o fato de o paciente estar acamado já representa um risco para a saúde. “O paciente acamado começa a perder a funcionalidade, a força muscular, adquire vícios posturais. Por isso é tão importante a realização da fisioterapia tanto na parte respiratória como na parte motora e a cadeira ajuda nisso”, afirma.
Para ela, Nunes foi além de sua função. “Essa visão que ele teve, de preocupação com o bem-estar dos pacientes, fez a diferença no nosso serviço para os pacientes da UTI.”
Outros serviços adotaram
Agora, segundo Nunes, a ideia está se disseminando e ele tem recebido pedidos de colegas de outros estados por instruções de como montar a cadeira. “Não tem patente, é de domínio público e meu prazer será ver a reprodução desse invento simples pelo Brasil.”
A cadeira feita nesses moldes já está sendo usada em instituições no Acre, Paraíba, Piaui e Mato Grosso.
Publicado originalmente no site.
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